sábado, 12 de janeiro de 2013

Sua boca no meu peito, mamiferamente.




Na gestação eu li muito, antes mesmo da barriga chegar, por que sou doula. Mas senti algo como uma preguiça em preparar os seios. Tomei uns três banhos de sol, puxei um bocadinho os mamilos. Só. Entendi que era uma intuição me dizendo que não adianta ou não precisa.
Mais do que preparar meu peito, eu pensava como que vai ser quando uma boca sedenta encontrar meu mamilo? Não sedenta de prazer, mas de leite. Não sedenta de me ver gemer, mas querendo sentir minha presença envolvendo como água morna. Será como minha cabeça vai ficar quando isso for prazeroso? Me questionei e não procurei responder.
O Pedro nasceu em casa, e logo foi pro meu colo, pro meu peito. Pra nós foi muito estranho, não nos acertamos naquele dia. Sabe como é, tínhamos acabado de nos conhecer, estava todo mundo olhando, comentaram sobre meu mamilo ser pequeno. Brochamos. Ficamos tentando uns dias, mas estava sem jeito.
Uma madrugada dessas, quando nossos corpos se tocaram, o amor tomou conta do meu peito, eu o olhei na penumbra, tão tudo, tão o universo inteiro em um corpinho pequeno...
Ficamos juntos pela madrugada, ele teve tempo de ir pela quietude da noite me tateando, me cheirando, testando. Quando o sol dava sinal já estávamos nós dois conhecendo um o corpo do outro. Boca e mamilo sabiam o caminho agora. A sensação no peito não era boa, era o estranhamento da humana agora se vendo mamífera igual a qualquer bicho. Rachou um pouco, doeu de cheio.
Agora amamentar é fácil e gostoso com um tipo de prazer que não é genital nem orgástico, mas há gozo. Quando meu leite jorra do peito cheio me sinto poderosa e amada como Gaia e sua carne fértil que alimenta seus filhos. Faço este milagre todos os dias e é tão simples quanto botar o peito pra fora.




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