O parir é, desde o inicio da experiencia humana nesta esfera azulada.
Esta sentença seria
uma novidade revolucionária mas é apenas o óbvio esquecido entre hospitais,
mãos masculinas, medo e bisturis. Parir é, não somente por que é um ato
inaugurado junto com a humanidade, mas também por que cada parto é um evento
fora do tempo.
Durante o parto, aquela que se abre para a chegada da vida se vê
diante da passagem inevitável para o infinito. O parto acaba e é como se ele
não tivesse começo, ele passa e é como se não tivesse fim. A cada visita da
memória ele se mostra como novidade através de algum elemento que antes era
despercebido ou da visão renovada do conhecido.
Sabemos, irmãs, no profundo da
nossa alma, da existência dessa porta atemporal. Sabemos que ali dentro pode
habitar parte do nosso Ser infinito e grandioso, aquilo que nos contém. O medo
do parto é também um medo de si mesma, é um medo da montanha que emerge na
ausência do tempo. Quando não há o Tempo para organizar nosso ser em passado e
futuro, o presente pode ser ensurdecedor. O medo é um defensor, um guerreiro
que cuida das fronteiras. Com gratidão a ele, passamos pela porta no parto, e
do outro lado cada uma de nós vê o infinito de si mesma e de toda mulher que já
existiu.
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