quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Parir é




O parir é, desde o inicio da experiencia humana nesta esfera azulada. 
Esta sentença seria uma novidade revolucionária mas é apenas o óbvio esquecido entre hospitais, mãos masculinas, medo e bisturis. Parir é, não somente por que é um ato inaugurado junto com a humanidade, mas também por que cada parto é um evento fora do tempo. 
Durante o parto, aquela que se abre para a chegada da vida se vê diante da passagem inevitável para o infinito. O parto acaba e é como se ele não tivesse começo, ele passa e é como se não tivesse fim. A cada visita da memória ele se mostra como novidade através de algum elemento que antes era despercebido ou da visão renovada do conhecido. 
Sabemos, irmãs, no profundo da nossa alma, da existência dessa porta atemporal. Sabemos que ali dentro pode habitar parte do nosso Ser infinito e grandioso, aquilo que nos contém. O medo do parto é também um medo de si mesma, é um medo da montanha que emerge na ausência do tempo. Quando não há o Tempo para organizar nosso ser em passado e futuro, o presente pode ser ensurdecedor. O medo é um defensor, um guerreiro que cuida das fronteiras. Com gratidão a ele, passamos pela porta no parto, e do outro lado cada uma de nós vê o infinito de si mesma e de toda mulher que já existiu.

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